terça-feira, 3 de janeiro de 2017

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Isolamento afetivo
capítulo do livro "Coração Rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda

Já eram quase duas horas da manhã quando a caravana das mulheres se deslocara para outro endereço. 
-Essa jovem mulher é Clarisse -disse Cecilia apontando para uma jovem que estava deitada- reparem que ela está muito triste e o motivo nem precisa dizer.
As mulheres se entreolharam e Cecilia prosseguiu:
-Clarisse há tempos vem sofrendo por amor. Ou melhor dizendo, pela falta de amor. Ela já está com seus trinta anos e ainda não encontrou alguém para se relacionar afetivamente e nem vai encontrar.
 Marilda e algumas mulheres da caravana se espantaram com a afirmação da guia espiritual.  Cecilia ao notar o espanto de algumas mulheres de sua equipe não se fez de rogada e continuou:
-Calma, meninas! Não é que ela não mereça ser amada ou que nunca vai ter sorte no amor. Nada disso -disse a instrutora sorrindo- Clarisse, assim como muitas mulheres, reencarnou na condição do "isolamento afetivo".
-Como assim, Cecilia? -perguntou Carmem Lucia.
-Acho que vocês já notaram que tem muita mulher que apesar de sonhar com um grande amor, de sofrer pela espera de alguém especial, continua sozinha e triste. Ela reza, faz macumba, acende vela pra tudo que é santo, mas mesmo assim continua sozinha. Não é que a vida não ouve seus pedidos. Acontece que ela precisa dessa situação, ou seja, ela precisa permanecer por tempo indeterminado na condição de isolamento afetivo para o seu próprio bem.
-Mas porque? -quis saber Marilda.
-Porque ela não tem condições emocionais de viver um amor de verdade. Se ela sofre por não ter alguém, certamente, sofreria ainda mais se tivesse. Para protegê-la do sofrimento, a vida, a impede temporariamente de se envolver afetivamente. É por essa razão, que apesar de tanto desejar viver um amor, ela continua sozinha. Além domais, ela não sofre tanto pela falta de alguém na vida dela. Mas, sim, porque não entende sua necessidade de permanecer sozinha para equilibrar suas emoções. Clarisse vem de experiências amorosas desastrosas de outras vidas. Já beirou a loucura e comprometeu seu corpo espiritual numa tentativa insana de se suicidar. Sofreu por longos anos no umbral e após se resgatada e tratada, foi conduzida a uma nova reencarnação. E para o seu próprio bem, reencarnou na condição de "isolamento afetivo". É claro que no momento em que ela estiver melhor e um pouco mais madura, a própria vida se encarregará de colocar uma pessoa em seu caminho. Mas por hora, está fora de cogitação um relacionamento amoroso.
-Nossa, como a vida age com inteligência visando sempre o bem de cada um! -ponderou Marilda.
-A vida sempre quer o nosso bem e trabalha incessantemente para atingir esse fim -continuou Cecilia- engana-se quem acha que há vítimas no universo e que Deus comete falhas. Isso é inconcebível. Clarisse não está pagando pelos erros do passado e nem foi desprivilegiada. Ao contrário, a vida apenas trabalha para que ela fique melhor e que possa num futuro próximo viver as delícias e alegrias de um relacionamento amoroso. 

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