segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Continuação do capítulo, A vida sabe o que faz.

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Continuação do capítulo "A vida sabe o que faz" do livro Coração rebelde.
Por Carlinhos de Aruanda

 De fato Cecilia estava certa em suas explicações, pensava Marilda consigo mesma. Afinal, se a mulher não aprende a se colocar na vida, a se valorizar, certamente, vai ser muito maltratada pelo outros. Lembrou-se da frase que mais ouvia nos cursos que participava na comunidade espiritual: a vida te trata como você se trata. Ia continuar sua reflexão quando Cecilia a chamou:
-Então, Marilda, está preparada para visitar sua antiga morada?
 Marilda sentiu frio na barriga. Mas estava decidida a voltar a seu antigo lar.
-Estou sim, Cecilia.
 Cecilia reuniu as mulheres da caravana e após rápidas intruções, partiram para a zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Marilda estava um pouco apreensiva. Apesar do preparo e das instruções da guia espiritual, sabia que não seria tão fácil rever Marcos Paulo. Mas por outro lado, precisava colocar uma pedra no passado.
Sentindo a presença da ex mulher, Marcos Paulo, sem se dar conta, começou a falar de Marilda com sua nova companheira.
-Graças a Deus que Marilda morreu, pois não suportava mais viver ao lado dela. Que mulherzinha grudenta e chata ela era.
-Sem dizer que ela atrapalhava o nosso romance -comentou Solange.
-Verdade. Só eu sei o esforço que fazia para posar de bom marido. 
-Não sei como você conseguiu viver tanto tempo ao lado dela. Eu no seu lugar, já tinha caído fora há tempos. Não suporto gente melosa.
-Mas você sabe como é. Tinha os filhos, a casa montada e, de certo modo, eu tinha lá algumas vantagens: comidinha pronta, roupa lavada e tudo na mão. Marilda era mesmo uma tonta -disse Marcos Paulo com um certo tom de raiva.
-Mas em nenhum momento você nunca a amou? -perguntou Solange sentindo-se superior a Marilda.
-Confesso que no comecinho do casamento até sentia uma ponta de amor por ela. Marilda era bonita e eu ainda estava cheio de tesão. Mas com o tempo ela foi se tranformando naquela mulher apagada e sem graça, que parecia mais minha empregada. Bastava eu estalar os dedos que ela vinha correndo feito uma cadelinha. Aquilo me irritava.
 Marilda ouvia a conversa do casal com certa incredulidade. Não estava acreditando no que ouvia dos lábios daquele homem pelo qual ela tanto se sacrificou. Aquilo não podia ser verdade. Será que ela estava tão cega a ponto de não perceber nada daquilo?! Apesar do ercúleo esforço que empreendia para não se desiquilibrar, Marilda não conseguiu conter o discreto choro que marejavam dos seus olhos.
 Cecilia, vendo sua tristeza, aproximou-se e lhe deu um carinhoso abraço.
-Quando estamos iludidos nem nos damos conta das coisas que fazemos. Você, iludida, acreditava que agindo dquela maneira faria Marcos Paulo feliz. Só que não. Ao contrário, quanto mais você se anulava na relação mais raiva ele sentia de você. Certamente, você fez muito por ele, mas não fez nada por você. Você o amou demais, só que se esqueceu de se amar. Esse foi o problema.  

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