terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A vida sabe o que faz.

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A vida sabe o que faz - continuação do livro "Coração rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda

 Após a palestra, Carmem Lucia reuniu-se a uma caravana de mulheres que iriam visitar a matéria para fim de estudo.
 Ao todo eram vinte mulheres. Cecilia, a lider do grupo, durante o trajeto, foi dando algumas explicações sobre o objetivo da visita no plano denso:
-É, minhas amigas, não pensem vocês que nossa visita à matéria vai ser moleza. Retornar a antiga morada, pra quem não está preparado, é um sofrimento lascado. Vocês só foram autorizadas a participarem dessa visita porque aprensentam condições emocionais favoráveis. Caso contrário, nem estariam aqui.
 O aerobus decolou e rasgou o nevoeiro rumo a crosta terrestre. Em poucos minutos o veículo astral já pairava sobre a atmosfera da bela cidade carioca.
 Eram onze da noite quando a caravana das mulheres chegaram ao morro da dona Marta para visitarem a primeira casa.
 O cheiro de álcool estava impregnado por todo barraco. Estava até difícil respirar dentro daquele ambiente. 
-Você é uma vadia que merece apanhar muito na cara -gritava colérico Zeca completamente bêbado enquanto batia na mulher.
 Maria tentava se esquivar dos tapas que levava do marido, mas ele era mais forte e conseguia acertar-lhe alguns bofetões.
-Que situação deprimente -falou Marilda- não há nada que possamos fazer para impedí-lo de agredí-la, Cecilia?
-Por mais deprimente que seja a situação, não há nada que possamos fazer -respondeu Cecilia- pois de nada adiantaria conter os atos desse homem hoje se amanhã ele voltaria a agir do mesmo modo. O problema não é só ele.
-Como assim, Cecilia? -perguntou novamente Marilda.
-Esse homem só age assim porque de algum modo ela também consente. Se no primeiro tapa que ele tentasse lhe dar ela reagisse com firmeza, certamente, a situação não chegaria ao ponto que chegou. No entanto, na primeira vez que ela foi agredida nada fez. Provavelmente, por medo ou acomodação, ela não reagiu como deveria reagir. 
 Carmem Lucia que ouvia a conversa atentamente não se fez de rogada e logo perguntou:     
-Mas porque uma mulher se acomodaria a uma situação tão deprimente como essa?
-Pode não parecer, mas a causa verdadeira de uma mulher se sujeitar a essa situação não é a falta de oportunidade e nem de condições para sair dela. A verdadeira causa é, sem sombra de dúvida, a falta de auto estima. 
-Auto estima, Cecilia? 
-Isso mesmo, Marilda. A falta de auto estima é um problema muito sério. Muitas mulheres sofrem muito na vida porque não se amam e não acreditam em si mesmas. Por isso que algumas se sujeitam a passar por situações deprimentes como essa. 
 Cecilia aproximou-se de Maria e lhe deu um carinhoso abraço. Depois olhou para Marilda e lhe disse:
-Maria é uma boa mulher. Porém, cresceu debaixo de uma enxurrada de afirmações negativas. E de tanto ouvir frases depreciativas a seu respeito, acabou acreditando nelas. Por isso que leva a vida que leva.
-Quer dizer então que ela foi e é uma vítima da sociedade? -perguntou Marilda.
-Claro que não! Ninguém é vítima nesse mundo -ponderou Cecilia- Maria também é responsável por tudo que lhe acontece. Verdade que ela foi maltratada pela sociedade em que vivia. Mas não podemos nos esquecer da lei da afinidade. Se ela atraiu um grupo assim, é porque também estava na mesma faixa vibratória. Ela não teve maturidade o suficiente para se esquivar da enxurrada de afirmações negativas. O que é natural no nível de evolução em que ela se encontrava e ainda se encontra. Lembrem-se que tudo está certo no universo.
-Você quer dizer, Cecilia, que se ela estivesse um pouco mais madura não passaria pelo o que passou e nem pelo o que está passando? -perguntou mais uma vez Marilda.
-Isso mesmo -respondeu Cecilia- se ela estivesse um pouco mais madura, Zeca nem ousaria levantar a mão pra ela. Só não podemos nos esquecer que cada pessoa tem seu tempo de maturar. Certamente, que há de chegar o dia em que Maria não vai mais aceitar passar por uma situação deprimente como essa. Só que por enquanto ela age de acordo com o que considera melhor. Mas quando ela despertar e perceber o seu verdadeiro valor, não tem homem que a fará sofrer. É por isso que não podemos intereferir. A vida sabe o que faz.  

  

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A palestra de Manuela.


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A palestra de Manuela
Continuação do livro "Coração rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda


A sala estava cheia. Em breve começaria a palestra sobre a magia do amor que Manoela, uma terapeuta da luz, iria ministrar. Carmem Lucia e suas duas amigas já estavam acomodadas em suas respectivas poltronas.
-Boa noite a todos -começou a falar a palestrante da noite- é com prazer que venho hoje aqui falar um pouco sobre a magia do amor. Aliás, não há magia mais poderosa do que essa. Primeiramente é importante entender que magia é antes de mais nada algo que encanta e seduz. E em se tratando de amor é ai que tem que encantar. Caso contrário, não é amor é opressão. A magia do amor está no encanto, na sedução, naquilo que dá prazer e faz bem. Se a relação não tem nada disso, ela pode ser tudo, menos amor. Infelizmente, muitos acreditam que amar é se apossar um do outro como se fosse um jogo de domínio. Ou seja, se eu te amo você me pertence, então, tenho total domínio sobre você. É por essa razão, que a maioria dos relacionamentos sempre acabam em dor. Alguém sempre acaba machucado. Também pudera, é cobrança e mais cobrança. A ponto da relação se tornar algo insuportável.
Agora eu pergunto a vocês -disse a palestrante olhando fixamente para a platéia- pode alguém ser feliz nessas condições? Pode um relacionamento ir pra frente quando ele é mergulhado em cobranças, ciúme exagerado e desrespeito?
 Um silêncio pairou no ar. Carmem Lucia identificou-se de imediato com as palavras da palestrante Manoela. Lembrou-se o quanto tinha sido possessiva, arrogante, autoritária, enfim, o quanto tinha sido imatura em seus relacionamentos amorosas.
-Mas antes de nos aprofundarmos nesse tema interessante que é o amor, é fundamental refletirmos um pouco mais sobre o poder do pensamento. Mas o que tem a ver o poder do pensamento com amor? Tudo. Pois se a força do pensamento é uma usina viva a criar energia, obviamente, que aquilo que pensamos sobre amor e as nossas atitudes amorosas criam, naturalmente, as energias que permeiam nossas vidas. Se uma pessoa, por exemplo, tem crenças negativas em relação ao amor, age de modo imaturo e ainda é possessiva, nem é preciso dizer que a vida amorosa dela vai ser uma desgraceira daquelas. Concordam? 
-Muitos riram e concordaram com a palestrante.
-Quem pensa que o modo de pensar não influencia a vida amorosa, está completamente enganado -continuou Manoela- o pensamento é a basa da relação entre as pessoas. É por isso que tem muita gente que não vai pra frente na vida amorosa nem com reza brava. Gente de boa aparência e inteligente, mas que se esquece de cuidar da sua auto estima e que faz pouco caso da educação emocional. Ai não tem Santo Antônio que dê jeito. Poucos são aqueles que param pra pensar que desenvolver a "inteligência emocional" é a coisa mais importante na vida. Principalmente, para o amor. Costumo dizer que a inteligência sem amor leva a crueldade, mas o amor sem inteligência leva a perdição. Não adianta atrair um amor na vida, é preciso saber mantê-lo. E como?
 Certamente, muitos gostariam de saber como manter um amor e com qualidade.
-Aprendendo a amar com inteligência e prazer. Parece pouco? Mas não é. Pois a maioria ainda vive estacionada na ignorância afetiva. E é por isso que vocês estão aqui, vivendo temporariamente nessa comunidade de regeneração amorosa. Aliás, só vem pra essa comunidade quem precisa se regenerar afetivamente, educar suas emoções. Acho que é o caso de vocês, não é?
 Risos ecoaram pelo teatro.
 Carmem Lucia ouvia atentamente cada palavra proferida pela palestrante da noite. Estava feliz pela oportunidade de aprender novas lições sobre a magia do amor. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Uma conversa entre amigas.

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Uma conversa entre amigas -capítulo do livro "Coração Rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda.

 A tarde estava linda e convidativa a um passeio. Quem via Paula alegre e admirando o Cristo Redentor, nem imaginaria que dias atrás ela vivia trancada em seu quarto curtindo uma boa fossa.
-Oi, Paula, que surpresa vê-la aqui! -comentou Juliana, uma amiga de longa data.
-Como vai Juliana?
-Vou bem. Você que sumiu do mapa -disse a jovem sorrindo.
-É que andei ocupada com uns problemas pessoais. Mas graças a Deus já dei um jeito neles.
-Pelo o que te conheço deve ser problema de amor. Tô certa?
 Paula deu uma risada maliciosa e respondeu:
-Você tem razão, Juliana. Passei um aperto com essas coisas do coração. Mas não reclamo não, pois aprendi muito com o que passei.  Aliás, ainda estou aprendendo.
-Sei como é isso, Paula. Também sofri muito com um relacionamento que não deu certo. Se não fosse uma amiga minha que é espírita, não sei nem se estaria aqui conversando com você.
-Me conta mais sobre o que te aconteceu. Fiquei curiosa.
 Juliana convidou Paula para sentar num banco e assim que se acomodaram, continuou a conversa:
-Tempos atrás, conheci um rapaz muito interessante. Saímos algumas vezes, mas acabou não dando em nada. Até ai tudo bem. O problema foi que me apaixonei por ele e queria namorá-lo de qualquer jeito. 
-Acho que conheço essa história... -comentou Paula recordando a experiência amorosa que teve com Carlos. 
-Infelizmente, parece que isso é muito comum entre nós mulheres -completou Juliana- passei dias sonhando com ele, criava fantasias que só existiam em minha cabeça. Corria atrás dele, telefonava, enfim, fazia de tudo pra dar certo. Mas de nada adiantou. Sofri bastante e até pensei que não iria me recuperar tão cedo.
-Entendo -disse Paula prestando muito atenção na história da amiga.
-Mas por sorte, me abri pra essa amiga que é espírita. E depois de longas conversas comcei a melhorar e o mais importante: entendi que estava errada.
 Juliana fez uma breve pausa e prosseguiu:
-Acho que Adriana ficava inspirada quando conversava comigo. Pois me dizia coisas que, além de me acalmar, me ajudava a entender o porque eu sofria tanto daquele jeito. Me explicou de cara que eu não devia forçar a relação. Se ele gostasse realmente de mim e quisesse ficar comigo com certeza me procuraria pra me pedir em namoro. Só que ele não gostava de mim, pelo menos do jeito que eu queria. Entender isso, foi a salvação da lavoura.
 Paula não se fez de rogada e disse a amiga:
-Nossa, Juliana, como é difícil entender isso! Também sofri pelo mesmo motivo. Queria que Carlos, um ex namorado, me amase com a mesma intensidade que eu o amava. Além de sufocá-lo com minha possessividade, acabava me asfixiando também.
-Isso mesmo Paula. Essa foi a lição que aprendi a duras penas. Ainda bem que entendi logo de uma vez que a posse não é amor. Adriana me deixou bem claro que ninguém é de ninguém e que se o amor não aconteceu não devemos forçá-lo.
-De fato sua amiga é uma mulher muita inspirada. Bem dizer ela chegou na hora certa.
-Com certeza, Paula. Como eu disse, se ela não tivesse me ajudado nem sei o que seria de mim. Talvez ainda estaria arrastando a pobre de mim pelos cantos da casa. Aliás, Paula, se livrar da pobre de mim foi a coisa mais difícil. Ah, mas vale a pena insistir. Pois depois que me livrei da pobre de mim, minha vida mudou e pra melhor. 
-Caramba, Juliana, essa sua amiga é mesmo porreta, pois foi direto ao ponto. Eu também dava uma de pobre de mim. Acreditava que agindo assim, conseguiria tudo que quisesse. Ledo engano. Pois quanto mais eu dava uma de pobre de mim mais Carlos se afastava.
-Sem falar, Paula, que a atitude do pobre de mim é a porta aberta para a obsessão. É a brecha por onde entra e atua as almas penadas. Aprendi isso, também, com minha amiga espírita.
-O que mais falou essa sua amiga espírita? Tô curiosa.
 Juliana sorriu e continuou:
-Adriana me ensinou também que os outros nos tratam do jeito que nos tratamos. Ou seja, se você se trata bem, os outros vão te tratar do mesmo modo. Ela me disse que eu queria ser amada de qualquer jeito porque eu não me amava. Eu me sentia menos porque Sergio, a meu ver, me rejeitava. Mas isso não era verdade. Era eu mesmo quem me rejeitava.
-Nossa, tô de queixo caído, Juliana. Parece que você está falando de mim e não de você. Pois passei por tudo isso.
-Entendi que uma coisa puxa outra: se você se rejeita, você não é amada. Se você não é amada, dá uma de pobre de mim pra receber amor. Se você dá uma de pobre de mim, sua energia baixa. Se sua energia baixa, nada vai pra frente. Principalmente a relação amorosa.
 Enquanto conversavam, turistas iam e vinham no afã de ver o Cristo Redentor. Não se davam conta da profundidade da conversa que rolava entre aquelas amigas que apenas desejavam encontrar a felicidade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A doença de Nina.

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A doença de Nina - capítulo do livro "Coração rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda

-Alô, eu sou a mãe da Nina e liguei para avisar que hoje ela não vai trabalhar, pois está doente.
-Tudo bem -respondeu a gerente da loja.
 Já vinha fazendo alguns dias que Nina não vinha se sentindo muito bem. Quando não era gripe era um resfriado forte que a deixava de cama.Tomava alguns remédios, mas não adiantava muito. Foi ao médico e ele lhe disse que era apenas uma virose.
 Só que dessa vez ela estava muito indisposta e febril. Pediu para a mãe avisar que não iria trabalhar. Não entendia o porque estava se sentindo assim. Que lembrasse, não tinha feito nada que justificasse esse seu mal estar.
 A noitinha, ligou para Clovis e pediu a ele para dar uma passadinha em sua casa. Não tinha muita afeição por ele, mas sabia que ele era um bom conselheiro e por ser de terreiro, provavelmente, podia ajudá-la.
 Eram sete da noite quando Clovis chegou:
-Como vai, Nina?
-Não ando nada bem, Clovis, já faz alguns dias que ando meia adoentada e indisposta. Fui ao médico e ele me disse que é virose. Mas sei lá...me sinto pesada, com raiva de tudo, acordo irritada.
 Por ser médium, Clovis já tinha sentido que ela não estava bem espiritualmente. Viu que sua aura estava um pouco cinzenta e que seu olhar estava distante.  
-Você está com encosto, Nina.
-Como assim? -perguntou a moça assustada.
-Talvez você não acredite, mas o fato é que por cultivar pensamentos negativos, você acabou atraindo um espírito que também não está bem.
-Mas eu não cultivo pensamentos negativos. Acho que você está enganado.
-Não sou eu quem está dizendo, são os sintomas que você vem sentindo que me revelam isso. Agora se você não acredita, não há nada que eu possa fazer.
-Não entendo muito dessas coisas.
-Mas não precisa entender. Basta sentir -concluiu Clovis. 
 Nina concordou.
-Posso ser sincero com você -perguntou Clovis com a intenção de abrir o jogo.
-Pode sim.
-Você não é uma pessoa ruim. Pelo contrário, tem muitas qualidades. Seu problema é que você se nega muito, não assume sua verdade, tem medo de se mostrar. Por essa razão, acaba projetando nos outros qualidades que você nega em si mesma. 
 Nina ouvia atentamente.
-Você, por exemplo, acha que não gosta da Jasmine. Mas isso não é verdade. No fundo você tem muita admiração por ela. Você só sente raiva dela porque ela tem qualidades que você também tem. Só que ela não esconde, enquanto que você soca para dentro as coisas boas que tem. Isso se chama inveja. 
-É por isso que sempre que me encontro com ela sinto uma raiva sem explicação?! -disse Nina com ar de surpresa.
-Isso mesmo. Ela é por fora o que você também é por dentro. No momento em que você assumir suas qualidades a raiva que você sente por ela desaparece na hora. Sem falar que sua energia melhora e o encosto vai embora. 
 Clovis aproximou-se de Nina e pediu para que ela fechasse os olhos por alguns minutinhos e começou a falar enquanto lhe dava um passe:
-Você é uma mulher jovem, bonita e cheia de qualidades. Você já é uma mulher de valor e merece as coisas boas da vida. Aliás, as coisas boas da vida são pra você também. Você não precisa desejar ser uma outra pessoa pra ter valor, você já é uma pessoa especial por ser quem é. Olhe-se com mais carinho, se trate com mais amor, realce suas qualidades e acima de tudo coloque-se em primeiro lugar dentro de você mesma. Assuma sua beleza, assuma sua sensualidade, assuma sua inteligência, assuma sua elegância, assuma sua força interior. Agindo assim, a sua alma vai ficar feliz. 
 Nina abriu os olhos, suspirou profundamente e deu um forte abraço em Clovis. Suas palavras penetraram teu ser e lhe fizeram muito bem. Sentiu um alivio no peito e foi tomada por uma agradável sensação de bem estar interior. 
 Sentindo-se incomodado pela forte vibração das palavras de Clovis, a entidade que estava junto a Nina, naturalmente se afastou.
-Olha, Nina, não tem porque você ter raiva de Jasmine e muito menos invejá-la. Você é tão maravilhosa quanto ela. Tenho certeza de que vocês podem até se tornar grandes amigas. Acho que você são muita parecidas. Deixa de bobagem, menina, procure ela amanhã e lhe dê um forte abraço. 
 Nina levou Clovis até o portão e despediu-se dele. Voltou para o quarto sem perceber o brilho que nascia em seu olhar. 
  


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A consulta.

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A consulta
Capítulo do livro "Coração rebelde
Por Carlinhos de Aruanda

Paula acomodou-se no pequeno banquinho, olhou para as belas imagens que ficavam no altar e cumprimentou meio desconfiada a entidade:
-Boa noite.
-Boa noite. O que atrás aqui, minha senhora?
Paula sem titubear foi direto ao assunto:
-Ouvi falar que seus trabalhos são dos bons. Estou precisando de uma magia boa pra trazer o homem que amo de volta. 
Padilha soltou uma estridente gargalhada e em seguida comentou:
-Olha, minha senhora, até faço magia sim. E magia das boas. Só que não faço amarração de jeito nenhum e nem recomendaria que você fizesse.
Paula não conseguiu disfarçar a cara de decepção. Contava com aquele trabalho de magia para ser feliz no amor. E agora a entidade vem dizer que não faz! Não conteve a curiosidade e perguntou em tom de deboche:
-E qual o problema de fazer magia para atrair o homem que amo? Tem tanta gente que faz e dá certo. 
-Eu não sou todo mundo e também não estou pedindo pra você não fazer. A vida é sua e você faz o que achar melhor dela. Apenas estou  te dando um conselho. Faça o que achar melhor.
Paula sentiu que a entidade não ia mimá-la como seus familiares costumavam fazer. Meio sem graça pediu desculpas e continuou:
-É que estou desesperada e quero meu amor de volta.
Padilha deu uma tragada no cigarro e soltou a fumaça no ar. Deu mais uma gargalhada e falou na lata:
-Olha, Paula, o amor é uma coisa boa. Mas isso ai que você sente não é amor: é carência. E você não vai curar essa carência fazendo macumba pra amarrar seu homem. E mesmo que isso fosse possível, acredite, você não seria feliz de jeito nenhum. Se você tem que amarrar uma pessoa pra ficar com você é porque ela não te ama. Pois quem ama fica com alguém por livre e espontanea vontade. E quem paga pra amarrar é porque não se valoriza. E sem falar que fazer macumba de amarração tem consequências nada agradáveis. 
-Mas eu não consigo ficar sem ele. A minha vida está vazia e meus dias são tristes e sem graça -disse Paula já em prantos.
Padilha fez uma rápida pausa para que a consulente pudesse se recompor.
-Na verdade, Paula, o que você está precisando mesmo não é do amor desse rapaz. Mas, sim, do seu próprio amor. No fundo, você nem gosta dele tanto assim. Por você está carente e entregue ao auto bandono, acaba refletindo nele a falta que você sente de si mesma. O que te machuca e faz doer não é a falta do amor dele, mas do seu próprio amor. Pare, então, de ter piedade de si mesma. Levante a cabeça e comece a se amar. Perceba que quanto mais você se rebaixa mais ele se afasta. Já parou pra pensar que as pessoas não te amam, apenas te toleram? Não que você não mereça ser amada. Não é nada disso. Você é uma mulher bonita, inteligente e digna de ser amada. O que acontece é que você se coloca na condição de menos, se desvaloriza e ainda se trata feito uma porcaria. Assim fica difícil amá-la. Concorda?  
Paula permaneceu em silêncio por alguns segundos. Nunca tinha parado para analisar sua situação por esse ângulo. Não tinha como negar que se tratava mal, que se desvalorizava e que não gostava de si mesma. Além domais, tudo que tinha feito até então em nome do amor, não deu em nada. Carlos estava cada vez mais distante e indiferente.
=Você é uma mulher jovem, bonita e tem a vida inteira pela frente. Porque, então, se enterrar viva nesse auto abandono se podes dar a volta por cima? Se Carlos não te ama, certamente, outro homem há de amá-la. Não desperdice mais seu precioso tempo com ilusões que apenas lhe fazem sofrer. Acredite, meu bem, você merece coisa melhor. Você merece uma amor que seja real e que te alimente a alma.
Paula abriu um tímido sorriso.
-Veja como você fica tão bonita sorrindo! Então, menina, esquece essa ilusão com Carlos e refaça sua vida. Compre umas roupas novas e decotadas e vá dançar. Com esse cabelo maravilhoso, tenho certeza de que rapidinho vai aparecer pretendentes. Ame sem drama que o amor fica mais gostoso.
-Você está certa, Padilha, sou mesmo muito dramatica. Acho que por isso que meus relacionamentos não deram certo. Mal conheci Carlos e já fiz um monte de fantasia com ele. Sempre agi assim em relação a homem.
-Por isso que sofre desse jeito. Ao invés de curtir o amor enquanto ele acontece na sua vida, você faz dele seu inferno pessoal. Amor, meu bem, é pra se divertir e não pra sofrer. Poucas mulheres entendem isso. 
Se divertir no amor? Conceito mais louco esse. Pensava Paula com seus botões. Mas fazia sentido sim. Afinal de contas, pra que serviria o amor se não fosse pra proporcionar alegria? Pra sofrer, como vinha sofrendo até então? Aliás, já estava muito cansada de sofrer tanto por amor. 
Paula levantou-se e agradeceu pelos sensatos conselhos que recebera da entidade. Sentia-se mais forte e disposta a recomeçar sua vida. Prometeu a si mesma que pela manhã iria sem falta ao cabeleireiro. Depois passaria numa loja e compraria um belo vestido e de preferência decotado. Ser amada por um homem é muito bom, mas ser amada por si mesma era melhor ainda.

domingo, 18 de dezembro de 2016

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Continuação do capítulo, O terreiro do livro Coração rebelde.

-A escolha é sua, Carmem Lucia -ponderou a pomba gira.
-Está bem. Seguirei com você.
-Já prevendo a decisão de Carmem Lucia, a pomba gira pediu a um dos homens que a colocasse junto a caravana de espíritos que seriam levados para os postos de socorros localizados no mundo espiritual.
Carmem Lucia estava um pouco triste por saber que se afastaria da companhia de Paula. Gistava dela e se identificava com seu modo de pensar.
Assim que se atravessaram a vasta neblina que permeava a região densa do umbral, a caravana de espíritos chegou num posto de socorro onde Antônio já esperava por Carmem Lucia.
-Como vai Carmem Lucia, a quanto tempo não nos vemos -disse o diregente da casa amigavelmente.
Meia envergonhada, eça respondeu:
=Estou me sentindo melhor. Queria pedir-lhe desculpas por ter fugido e não ter levado em consideração seus conselhos. Fui imatura.
-Não precisa se desculpar. Afinal,, quem sofreu as consequências foi você e não eu. Além domais, não vim aqui para julgá-la. Será sempre bem vinda em nossa comunidade e poderá permanecer aqui o tempo que for necessário e desejar. Desde, é claro, que respeite as normas da casa e não se torne rebelde novamente.
O sorriso acolhedor de Antônio dava a Carmem Lucia a certeza de dias melhores. Sabia que tinha muito a aprender e que emocionalmente ainda não estava bem.
Após despedir-se de Antônio, Carmem Lucia foi encaminhada para um pequeno abrigo no posto de socorro onde dividiria quarto com mais três mulheres.
O abrigo era simples, porém limpo e arejado. Assim que entrou, foi recepcionada pelas mulheres que já tinha conhecimento de sua vinda.
-Oi, meu nome é Ana, seja bem vinda.
-Meu nome á Mônica, espero que aproveite bem sua estadia aqui na comunidade.
-E eu sou Rogéria, seja bem vinda.
Após o rapido cumprimentou, Carmem Lucia se acomodou em sua cama e fez algumas perguntas as novas companheiras de quarto.
-Faz tempo que vocês estão vivendo aqui nessa comunidade?
-Eu estou há dez anos -respondeu Ana.
-Eu estou aqui há cinco anos -disse-lhe Mônica.
-E eu estou aqui há poucos meses -completou Rogéria.
-Pelo o que estou sabendo -continuou Ana- não é a primeira vez que você vem aqui.
-Isso mesmo. Já vivi por muitos anos nessa comunidade. Mas levada pelo meu descontrole emocional, acabei me afastando e fiquei vivendo por longo tempo na matéria.
-Posso imaginar o quão difícil foi pra você viver como alma penada entre os considerados vivos -argumentou Rogéria.
-Verdade. Não foi nada fácil viver como alma penada. E se não fosse por Paula, acredito que seria pior ainda.
-E quem é Paula -perguntou Ana.
-Paula era uma encarnada com a qual me afeiçoei. Estava triste e perambulando sem rumo quando me senti atraída pela vibtação dela. Apesar dela está encarnada, estava pior que eu. Provavelmente, por uma questão de afinidade me aproximei dela e ao seu lado fiquei até agora. Bem dizer fui tirada a força do seu convívio. 
-Sei bem do que você está falando -comentou Rogéria- também já fui uma obsessora tempos atrás. Mas no meu caso não foi só por afinidade, mas muito mais por vingança. Fiquei tão triste por causa de uma desilusão amorosa que acabei ficando doente e desencarnei. Me entreguei completamente para um homem que fingia me amar. E quando descobri a verdade sobre ele, não suportei e acabei morrendo em consequência dessa desilusão. 
-Rogéria jogou os cabelos para o lado como a querer afastar algumas lembranças desagradáveis e prossegui:
-Naturalmente que não cheguei bem no mundo espiritual. Até tive a oportunidade de ir para uma comunidade de paz. Entretanto, movida por um sentimento de vingança, permaneci no umbral, onde me associei a entidades perversas para vingar-me do homem que tanto me fez sofrer por amor. Não demorou muito para que eu aprendesse rápido, com essas entidades perversas, a manipular e influenciar negativamente o homem que me iludiu, que me enganou e que estraçalhou meu coração. Foram anos de obsessão onde já estava quase conseguindo levar minha vítima a loucura. Porém, tudo foi por água abaixo quando ele, por recomedação de um parente, ele começou a frequentar um terreiero de Umbanda. Além dele ter conseguido sair da minha má influência e ter ficado bem, eu acabei sendo aprisionada pelo o que eles chamam de soldados de Ogum. Fiquei como que amarrada energeticamente por essas entidades. Nada pude fazer a não ser cooperar com o meu progresso espiritual, ou seja, tinha chegado a minha hora de crescer. Com o tempo entendi que aquele homem não tinha culpa de nada. Conscientizei-me de que era eu a única pessoa responsável por tudo que tinha me acontecido. No fundo ele não me enganou, fui eu que me ilude.
Um silêncio pairou no ar. As mulheres presensentes se entreolharam como a se solidarem uma com a outra. Todas conheciam na pele o sofrimento pelo qual Rogéria tinha passado.
-Hoje um pouco melhor, me encontro aqui, para aprender a cuidar mais de mim e me libertar de uma vez por todas dessas ilusões que só fazem machucar nossos corações.   
   

  

sábado, 17 de dezembro de 2016

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O terreiro - continuação do livro "Coração rebelde"

Apesar da ansiedade de Paula, a sexta feira tão esperada tinha enfim chegado. Paula se arrumou rapidamente e sem avisar aonde ia seguiu para o terreiro no afã de conquistar o amor da sua vida.
Carmem Lucia também estava animada. Gostava de Paula e queria vê-la feliz. Não se importava com os meios que sua amiga encarnada usaria para atingir seus objetivos, podia ser magia ou macumba, o importante era vê-la novamente nos braços de Carlos.
Assim que desceu do ônimbus, caminhou por mais alguns quarteirões e chegou no endereço certo. Era uma casa simples, mas bem arejada. Antes de entrar, olhou mais uma vez para a casa e disse para si mesma:
-Vai ser nessa casa que irei conseguir o que tanto quero.
-Vai sim -completou Carmem Lucia que estava ao seu lado.
Paula respirou fundo e bateu na porta. Carmem Lucia que também estva pronta para entrar no recinto, levou um baita de um susto.
Do nada, dois homens fortes surgiram e a agarraram a força.
-Onde pensa que vai, senhora? -perguntou um deles.
Imobilizada pelos braços fortes dos homens que a seguravam, Carmem Lucia nada conseguiu dizer. Estupefada, olhava para aqueles dois bruta montes que a seguravam pelos braços. Eram altos e robustos. Pela vestimenta lembravam antigos soldados romanos.
Enquanto os homens a seguravam, uma bela mulher vestida de vermelho aproximou-se e a olhando dos pés a cabeça falou:
-Você acha que entraria em meu terreiro sem ser convidada? -feito a pergunta, Maria Padilha soltou uma longa gargalhada- se não sabe, minha senhora, tanto os terreiros como os centros espíritas, são protegidos por entidades e ninguém entra sem ser convidado. Além domais, se você chegou até aqui é porque foi mandada. Por acaso não está vendo aquela mulher que se vai ao longe?
Tremendo feito vara verde, Carmem Lucia ohou em direção para onde a mulher de vermelho apontava e avistou ao longe uma entidade que tinha um brilho que lhe ofuscava a visão.
-Aquela mulher ali é Andreia. Foi ela quem trouxe você e sua amiga encarnada até aqui. Aliás, o que vai ser de Paula não sei, vai depender da conversa que terei com ela daqui a pouquinho. Mas em relação a você vamos resolver agora -disse sorrindo a pomba gira.
Carmem Lucia não estava entendo bem o que estava acontecendo com ela. Quem eram aquelas pessoas? Quem era aquela mulher estranha com os seios quase de fora? E quem eram aqueles homens brutos vestido como romanos? Sua cabeça girava e o medo lhe travava os movimentos.
Os homens a levaram para uma sala onde haviam imagens estranhas e velas por toda parte.    
-Meu nome é Maria Padilha, sou uma pomba gira e minha missão é ajudar mulheres que sofrem e que se sentem perdidas. Não precisa ter medo, pois não lhe farei nenhum mal. Apenas vamos conversar.
Olhando com mais calma para aquela mulher que a interpelava, Carmem Lucia reparou sua estonteante beleza. Cabelos negros e cumpridos adornavam ainda mais seu belo e moldurado corpo. 
-Agora você tem que decidir, minha senhora, se vem comigo para receber tratamento e ser levada para um lugar onde poderá recomeçar sua vida ou se quer descer para as trevas. Mas na condição em que se encontra não pode mais ficar, ou seja, seu tempo como espírito obsessor se encerrou.
Carmem Lucia recordou-se da época em que vivera por longo período numa região inóspita do umbral. Carregava na intimidade a lembrança do sofrimento que passara naquela triste região. Voltar pra lá, jamais.  

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016


Continuação do capítulo "A história de Carmem Lucia"

Livro Coração rebelde - por Carlinhos de Aruanda.

Sentindo-se perdida, Carmem Lucia saiu sem rumo e ficou a vagar pelas ruas da cidade carioca. Sentiu-se atraída por uma mulher com a qual se identificara de imediato. Apiedou-se de Paula e como não tinha para onde ir decidiu permanecer ao lado dela.
-Não fique triste, Paula, reaja e tente fazer alguma coisa que possa trazer Carlos de volta.
Como de costume, Paula achava que as ideias que brotavam em sua mente eram dela mesma. Já acostumada com a presença de Carmem Lucia, nem se dava conta de que estava sendo influenciada por um espírito.
Sentindo-se um pouco melhor, Paula levantou-se do sofá e decidiu caminhar um pouco. Não podia mais ficar apática e se conformar com a situação. Precisava fazer alguma coisa.
-Porque você não procura um terreiro para fazer um trabalho pra trazer Carlos de volta? -sugeriu maliciosamente, Carmem Lucia.
Porque não pensei nisso antes? -pensou Paula consigo mesma- se ele não quis ficar comigo por bem, então, vai ficar na marra.
-Isso mesmo, Paula, lute pelo seu amor -disse-lhe Carmem Lucia.
Determinada a encontrar um terreiro, Paula entrou no ônibus que a levaria na casa de Dona Mercedês, uma mãe de santo que morava na baixada Fluminense.
O dia estava quente e o ônibus estava um pouco lotado. Durante o percurso Paula não pode deixar de ouvir uma animada conversa entre duas mulheres que estavam bem a sua frente.
-Depois que você foi nesse terreiro, Joana, sinto que está até melhor. Está com a aparência boa e mais disposta -comentou uma das mulheres.
-Verdade, Patricia. A conversa com Maria Padilha me fez muito bem. Você acredita que até fui paquerada?
-Não me diga sua safadinha! Essa tal de maria Padilha é boa mesmo. Acho que qualquer dia desses irei lá também -disse Patricia empolgada.
Paula que ouvia a conversa atentamente, animou-se e sem titubear puxou conversa com as duas mulheres que conversavam. Pegou o endereço do terreiro e sem falta iria visitá-lo na próxima sexta feira.

 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

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Continuação do capítulo "A história de Carmem Lucia"

A noite estava fria. Carmem Lucia caminhava de um lado a outro. Suas mãos tremiam de ódio. Ter avistado Flavio aos beijos com outra lhe fez perder a cabeça. Um misto de raiva e vingança lhe corroiam a alma. Ele não podia ter feito o que fez. Uma dor latejava em seu peito. Não suportaria ficar sem ele. Desesperada saiu de casa em alto madrugada e dirigiu-se a um penhasco que ficava bem próximo de onde morava.
A visão de Flavio aos beijos com uma desconhecida não lhe saia da mente. Subiu o mais alto que pôde no penhasco e depois se atirou para os braços da morte.
-Suicída! Suicída! -vozes a acusavam enquanto aos frangalhos se arrastava pelo chão. Nada mais lembrava aquela aparência bonita que outrora ostentava. Carmem lucia chorava copiosamente e pedia perdão pelo ato impensado. Vagou por muitos anos pela densidade do umbral até que acabou sendo socorrida.   
Levada para um posto de socorro, permaneceu um bom tempo por lá. Assim que sentiu-se melhor, pediu permisão para encontrar seus entes queridos. Porém, seu pedido foi negado. 
-Dê tempo ao tempo, minha amiga. Quando você estiver melhor, naturalmente, terá notícias dos seus parentes e amigos. -disse-lhe, Antônio.
-Eu já estou bem e não suporto mais a saudade das pessoas que deixei na Terra. Principalmente...
Antônio lia os pensamentos dela e sabia quais eram suas reais intenções. Mesmo passando pelo o que passou, Carmem Lucia ainda estava presa ao apego e, provavelmente, voltaria a procurar o paradeiro de Flavio.
Inconformada com a decisão do mentor do posto de socorro, Carmem Lucia tornou-se rebelde e com isso acabou baixando sua frequência vibratória. De imediato foi arrastada pela força da energia para sua antiga morada.
Tudo estava mudado. Sua casa já não era a mesma e também não encontrou seus familiares. Caminhando pela cozinha daquele lar que lhe era tão estranho, deparou-se com um calendário que estava dependurado na parede. Levou um susto quando viu a data: 2010. Quantos anos tinham se passado?! Lágrimas desceram de seus olhos e uma imensa tristeza lhe invadiu a alma. Onde estão todos? Onde está .....
  

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A história de Carmem
Continuação do livro "Coração rebelde"

Os dias se passaram e Paula ainda estava inconformada com o rompimento da relação. Em casa não falava com ninguém e vivia a maior parte do tempo trancada em seu quarto. Preferia ter morrido ao invés de ficar sem Carlos. -Se não fosse aquele salva vidas, não estaria aqui sofrendo- pensava ela com certa amargura.
Enquanto cultiva pensamentos melancólicos, Paula não percibia a presença do espírito de Carmem Lucia que vampirizava-lhe a energia.
Carmem Lucia não era propriamente um espírito mal e nem tinha intenção de prejudicá-la. Na verdade, aproximou-se dela mais por afinidade do que por qualquer outra coisa. Viu em Paula apenas uma companhia que se encontrava na mesma frequência vibratória e com a qual criou laços de amizade.
Assim como Paula, Carmem Lucia também era uma mulher possessiva. Em sua úlma encarnação sofrera muito por amor e cometera suicídio por ter sido rejeitada pelo homem que ela achava que era seu. Alta, loira e muito sensual, Carmem Lucia era cortejada e desejada por muitos homens. 
Mesmo que ela não gostasse de um possível pretendente, fazia questão de provocá-lo só para tê-lo em suas mãos. Se comprazia em ver os homens babando por ela. Ela os tratava e os via como objeto de seus desejos. Ela podia ter muitos aos seus pés, mas se pelo menos um deles se enrabixasse por outra, ela virava uma fera e partia pra briga até trazê-lo de volta. Não tolerava ser trocada por outra de jeito maneira.
Foi no auge do seu poder feminino que ela conheceu um homem bonito e de temperamento muito forte pelo qual se apaixonou perdidamente. Flavio era o conquistador em pessoa. Mulherengo e meio cafajeste, usava e abusava das mulheres que cruzavam seu caminho. E com Carmem Lucia não foi diferente.
Mal se conheceram e já foram para cama. Carmem Lucia, acostumada a dominar e pisar nos homens, provava agora do gostinho do seu próprio veneno. Flavio não queria nada com ela a não ser desfrutar alguns momentos de paixão. Assim que saciava sua fome de sexo, levantava-se e sumia no mundo. Enquanto que Carmem Lucia entregava-se sem resistência a dor da rejeição.
  



segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

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Continuação do capítulo "Nada é por acaso"
Por Carlinhos de Aruanda.

Assim que Joana saiu, uma jovem bonita se aproximou e cumprimentou a pomba gira.
-Seja bem vinda, minha filha, me conta o que te trás aqui.
A jovem sorriu timidamente e disse:
-Todo mundo diz que sou uma mulher bonita, atraente e chamativa. Só que não entendo porque não consigo arrumar um namorado fixo que goste de mim de verdade. Só me aparece homem aventureiro que só pensa em ficar ou homem casado. É isso que me trouxe aqui, Padilha. Não aguento mais ficar sozinha.
Padilha deu uma tragada no cigarro e falou em seguida:
-Olha, meu amor, você atrai aquilo que acredita merecer. Um lado seu quer, mas um outro lado não acredita que você merece ser amada. Se você não acredita que o amor é pra você, não adianta desejar que ele não acontece. Primeiro você precisa acreditar que o amor é pra você, que você é digna de ser amada e que não falta homem no mercado. Aliás, essas crenças que falta homem, que homem não presta são crenças que você incorporou de alguém do seu convívio. Provavelmente, de alguma mulher que teve muito problema na vida amorosa. Consegue identificar quem seja?
Maria Eduarda lembrou-se de imediato da mãe. Várias vezes ouviu ela dizer que homem não presta, que amor é ilusão, que homem só quer sexo e que é melhor ficar sozinha do que mal acompanhada.
=É minha mãe que acredita nessas coisas e que vive falando pelos cantos da casa as suas decepções amorosas.
-Você precisa entender, Maria Eduarda, que você não veio a esse mundo pra viver a vida dos outros e que você não é responsável pela vida de ninguém. Sentir amor pela mãe é uma coisa, mas incorporar o que ela pensa e acredita é outra. Não é porque não deu certo pra ela que não vai dar certo pra você. O problema é que você assume a vida dela como se fosse a sua. Literalmente, você incorpora a energia dela. Claro que sua baixa estima contribui também. Porém, nem tudo que está dentro de você é coisa sua.
-Entendi, Padilha. Vou tomar mais cuidado com isso. Pois faz muito sentido o que você acabou de me dizer. Geralmente, quando me empolgo pra sair e arrumar alguém, do nada me dá um mal estar. Quando me dou conta, tô metendo pau na coisa que mais quero. Você está certa, Padilha.
-A maioria das pessoas acredita que só se incorpora espírito. Mas isso não é verdade. Além de espírito, também pode se incorporar pensamentos, crenças e toda sorte de energia que pairam no ambiente. Tem muita mulher que não vai pra frente no amor porque está cheia de crenças negativas dos outros. Esse é o seu caso. Portanto, Maria Eduarda, fique firme no bem e acredite que o amor é pra você também. Coloque-se na posição de ser amada. E quando sentir-se acuada por essas crenças negativas, diga dentro de si com firmeza; eu não tenho nada com isso.
Maria Eduarda saiu satisfeita com os coselhos que recebera de Padilha. Dali pra frente agiria como ela recomedou. Tinha certeza que sua solidão estava com os dias contados.


domingo, 11 de dezembro de 2016

Coração rebelde.

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"Nada é por acaso"
Continuação do livro Coração Rebelde.
Por Carlinhos de Aruanda.

O refeitório da loja estava quase vazio. Muitas vendedoras já tinham almoçado. Nina vendo que estava a sós com Clovis aproveitou a oportunidade para puxar assunto:
-Como vai, Clovis?
Clovis olhou supreso para ela, pois sabia não ser do feitio dela puxar conversa com ele.
-Estou bem.
-Ontem a noite vi você e Jasmine conversando naquele bar da esquina. O papo estava animado.
Ele sabia que Nina não era mulher de dar ponto sem nó. Com certeza ela estava querendo alguma coisa, no mínimo, destilar um pouco do seu veneno.
-Conversamos bastante sim, mas nada de tão importante.
-Sei que você é amigo de Jasmine. Mas acho ela tão exibida, só anda de nariz impinado.
-Impressão sua. Jasmine é uma pessoa muito bacana e também humilde.
-Não acho ela humilde não. Passa por mim fingido que nem me conhece.
Percebendo que Nina queria levar a conversa para a maledicência, Clovis se esquivou da companhia dela e foi cuidar dos seus afazeres.
Nina, nada boba, sentiu a reação de descaso de Clovis. Enquanto ele saia pela porta do refeitório ela disse em tom baixo:
-Vai lá seu bicha cuidar da sua protegida. Pensa que não sei que você é assim com ela? Vocês se merecem, pois são frinha do mesmo saco.
Nina não se dera conta de que sua atitude de inveja criava em torno dela uma atmosfera pesada e negativa. Não gostava de Jasmine e considerava Clovis um puxa saco de mão cheia. 
-Ela pensa que é gostosa -pensava Nina consigo mesma- mas não passa de uma vadia metida a besta. O que é dela está guardado.
Apesar de desejar o mal para Jasmine, o que Nina não entendia, é que o mal que ela tanto desejava pra outra se voltava para ela mesma.  Pois Jasmine estava no seu melhor e por isso era protegida naturalmente contra as forças do mal.
Jasmime não tinha conhecimento das Leis espirituais. No entanto, mesmo sem saber, se posicionava no seu melhor, promovia sua auto estima e ainda tinha amor próprio. Aliás, não há proteção maior do que ter uma boa auto estima.
No final da tarde, Clovis chegou em casa e após cuidar de suas necessidades pessoais dirigiu-se para um pequeno comôdo que ficava no fundo do quintal. Era um comôdo simples onde ele tinha feito seu terreiro.
Apesar de gostar da Umbanda, Clovis não se considerava um umbandista. Trabalhava, sim, com as entidades. Mas preferia se dizer um espiritualista independente.
Como era sexta feira, dia de trabalhar com a pombas giras, Clovis atenderia alguma mulheres que o procuravam para receber conselhos das moças.
Começou a gira às 20:30 em ponto. Após a abertura dos trabalhos da noite, já incorporado, Clovis começou a atender.
Uma mulher, aproximadamente uns quarenta anos, aproximou-se e cumprimentou a entidade. Acomodou-se num pequeno banquinho e beijou as mãos da pomba gira.
-Boa noite, Joana, o que a trás aqui?
Meia embaraçada e um tanto tímida a mulher começou a falar: 
-Não sei o que acontece, Padilha. Fiz tanto pelo meu marido, me dediquei ao máximo pra ele, vivi em função dele e agora, após vinte anos de dedicação, ele me troca por outra e ainda fala mal de mim como se eu não significasse nada pra ele -lágrimas rolavavam copiosamente dos olhos da mulher.
Padilha, já acostumada ao ouvir experiências amorosas semlhantes, deixou a mulher desabafar e depois lhe disse:
-Você nem se deu conta, Joana, mas você mesma já respondeu a pergunta que me fez.
-Como assim, Padilha?
-Seu marido te trocou por outra porque você fez tudo errado. Além de se anular, se colocar em último plano você ainda viveu em função dele. Ai não tem casamento que resista. Olha, meu amor, não foi ele que foi embora, foi você quem o afastou com seu modo de agir, com sua energia de desvalorização.
-Mas, Padilha, fiz o que fiz por amor. O amor não é a coisa mais importante num casamento?
Padilha soltou sua gargalhada costumeira, deu um trago no cigarro e respondeu:
-O amor é muito importante no casamento, sim, minha filha. Mas se ele não estiver amparado pela inteligência e bom senso, não tarda a naufragar no mar da ilusão. Se você tivesse amado com inteligência não teria jamais vivido em função do seu marido. Não teria se anulado e muito menos feito dele o seu rei, o seu dono. Agora ele está lá nos braços de outra enquanto você está ai jogada as traças. A pergunta certa não é o que ele fez pra você, mas o que você fez de si mesma enquanto estava com ele. Concorda?
Joana permaneceu em silêncio por algum tempo. Nunca tinha olhada a situação por esse novo ângulo. Se via como vítima da situação. Agora, com aquelas novas informações, entendera que ela também tinha sido responsável por tudo que lhe tinha ocorrido até então. 
-Concordo sim, Padilha. De fato me abandonei, me deixei de escanteio para viver em função dele. Nem mais cuidava da minha aparência e eu que era vaidosa, que gostava de me cuidar, ficar bonita. Você tem mesmo razão. Eu também contribui para que tudo acabasse como acabou.
-Agora é hora de juntar os pedaços e construir uma nova mulher. Lembre-se que o que acabou foi o casamento e não você. E também não se culpe pelo o que aconteceu. Afinal, você fez o que achava certo na época, você agiu segundo seu nível de entendimento das coisas. Por isso, esquece o que passou e siga em frente determinada a ser feliz. Certamente, você não pode juntar os caquinhos de uma taça quebrada, mas pode comprar outra mais bonita ainda.
Joana estava mais calma. Sabia que não seria da noite pro dia que se transformaria numa nova mulher. No entanto, estava decidida a atingir esse fim levasse o tempo que levasse. Agradeceu pelos conselhos recebidos, beijou a mão de Padilha e saiu do terreiro sem perceber que ali nascia uma nova mulher.

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Continuação do Capítulo "O oposto de Paula"
Por Carlinhos de Aruanda.

Clovis riu gostosamente e prosseguiu:
Primeiramente quero que você saiba que pomba gira não é coisa ruim como muita gente pensa. Tem gente que acha que pomba gira ajuda a tomar marido de uma pra dar pra outra, faz homem virar gay e ainda leva mulher a ser puta. Quanta bobagem! Quem diz essas besteiras não sabe do que está falando e não conhece nada sobre pomba gira.
Enquanto falava, Clovis se lembrava de tantas coisas que já tinha ouvido falar sobre as moças, como são chamadas nos terreiros as pombas giras.
-Na verdade -continuou Clovis- muitas coisas que se dizem a respeito das pombas giras não passam de preconceito. Mas uma coisa eu posso garantir: as pombas giras são do bem. Aliás, elas são almas que se unem no além para prestar serviço em prol da humanidade. Geralmente, atuam no campo afetivo ajudando a orientar a vida amorosa. São verdadeiras psicólogas do coração. São almas exuberantes, sensuais que falam de maneira simples e sem frescura. Características próprias de quem tem uma boa auto estima e se valoriza.
Jasmine se identificara com as características das pombas giras. Desde menina adorava se cuidar. Não foram poucas às vezes em que pegava o batom escondido da irmã mais velha e ficava horas dançando e se exibindo frente ao espelho. Detestava as saias longas que sua mãe a obrigava a usar. Queria mesmo era colocar shortinho curto, se maquiar, enfim, queria brilhar. Na escola os meninos babavam por ela.
-O problema, Jasmine -prosseguiu Clovis- é que há muito preconceito contra a sensualidade da mulher. Graças a Deus que a coisa está melhorando. Hoje em dia as mulheres estão se cuidando mais, tem mais liberdade de se vestir e viver como gosta. Tempos atrás, bastava a mulher ser um pouco mais saliente que o povo metia o pau. Mas agora não. A coisa está mudando. Olha você, por exemplo.
-O que tem eu, Clovis?
-Você é um exemplo de tudo que acabei de falar agora. Linda, sensual, inteligente, gostosa e acima de tudo exuberante. Não foi atoa que gostei de você. Também pudera, com esse brilho interior não tem como não chamar a atenção.
Jasmine não se conteve e soltou uma gostosa gargalhada.
-Não sei quando -continuou Clovis- mas o fato é que você se fez assim, você se colocou nessa condição, valorizou-se e promoveu sua auto estima. Por isso se tornou nessa mulher maravilhosa e admirada por muitos.
-E detestada por algumas também -completou Jasmine.
A conversa durou por mais alguns minutinhos. Tomaram a saideira e Jasmine partiu para casa feliz da vida e agradecida por ter um amigo tão legal como Clovis.

sábado, 10 de dezembro de 2016

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Continuação do capítulo "O oposto de Paula"
Por Carlos Lima.

-Não liga pra ela não, Jasmine -dizia-lhe sempre  Clovis, um amigo que trabalhava junto a ela na mesma loja- Nina age assim porque no fundo queria ser como você.
Clovis era mais que um amigo de trabalho. Na verdade, ele era um confifente fiel, alguém com quem Jasmine se desabafava e divirtia-se bastante.
Logo que começou a trabalhar na loja, de cara Jasmine se simpatizou com Clovis. Além de divertido, ele também era muito inteligente e tinha uma aura radiante. Foi amizade a primeira vista.
Clovis lhe ensinou todo serviço e ainda lhe deu umas dicas de como conquistar as clientes.
-Olha, menina, o segredo de vender bem é cutucar a auto estima das clientes. Quando uma mulher adentra nossa loja, ela não vem apenas para comprar um vestido. No fundo, o que ela quer mesmo, é sentirse bem consigo mesma. Às vezes, nós vendedores, temos que ser também bons terapeutas. 
Jasmine riu da explicação do novo amigo. Sentiu que se daria bem na loja e com a ajuda de Clovis, em pouco tempo se tornaria numa boa vendedora. 
E foi o que aconteceu. Em pouco tempo Jasmine se destacou entre as vendedoras. Além de bonita e simpatica, seguiu a risca as dicas do amigo.
Sempre que possível, assim que encerrava o expediente, iam num barzinho que ficava no centro da cidade. Entre petisco e cervejinha gelada, conversavam animadamente sobre tudo, principalmente, sobre homem.
-Te acho linda, Jasmine. Com essa beleza e essa energia poderosa você deve enlouquecer os homens.
A observação de Clovis desencadeou uma gostosa gargalhada entre ambos. Ainda entre risos, Jasmine respondeu:
-Não posso negar que faço sucesso entre os homens. Tem horas que perco a linha com alguns deles. Ainda mais com aqueles que tentam me controlar. De homem ciumento tô correndo. Deus me livre.
-Voce está certa, amiga. Não tem coisa pior do que gente ciumenta e controladora. Até entendo que uma pitadinha de ciumes faz bem a relação, mas quando se exagera na dose a coisa desanda. 
-Além domais, Clovis, se a gente não colocar rédea o cara monta, abusa e depois joga fora. Mulher que não sabe se colocar sofre demais na relação.
-Sei como é isso menina. A minha vida é lidar com mulher. Além de eu trabalhar numa loja de roupas femininas, também sou médium e trabalho num terreiro.
-Sério?
-Sim. Eu trabalho com a linha de Maria Padilha que é uma pomba gira porreta. Com ela aprendo muito sobre o universo feminino.
-Me conte mais, Clovis, tô curiosa.
-Já vi que você também gosta do babado. -disse-lhe Clovis num tom malicioso.
Jasmine jogou os belos cabelos para o lado e respondeu de imediato:
-Adoro. Confesso que não tenho muito conhecimento sobre o assunto. Mas não posso negar que tenho uma atração especial por esse tema. Tenho uma tia que é umbandista.
-Então, você conhece alguma coisinha a respeito. Aliás, amiga, você tem uma característica que é peculiar entre as pombas giras.
-Me fala, agora tô mais curiosa ainda.
Clovis tomou um gole de cerveja e prosseguiu:
-Assim como as pombas giras, você também é uma mulher muito sensual a sedutora. Com certeza você tem uma auto estima muito boa. Se assim não fosse, não seria essa mulher exuberante que é.
-Verdade, eu gosto muito de mim e procuro me valorizar. Não desço do salto por homem nenhum e priorizo minhas necessidades, ou seja, me coloco em primeiro lugar. 


"O oposto de Paula"
Continuação do livro Coração rebelde

-Nossa, Jasmine, você vai sair comigo com essa calça colada no corpo?!
Jasmine olhou para Marcos e o mediu dos pés a cabeça. Depois lhe respondeu sem rodeios:
-Quem você pensa que é pra dar palpite no que vou vestir ou não. Por acaso eu pedi sua opinião? Acorda, rapaz. Homem nenhum manda em mim. E quer saber mais? Não vou mais sair com você.
Marcos ainda tentou contornar a situação. Pediu desculpas. Mas não adantou. Jasminine saia da sala e o deixou falando sozinho.
Dona Maria que já estava acostumado com o temperamento da filha, aproximou-se de Marcos e procurou consolá-lo.
-Não fique triste não, Marcos. Jasmine é assim mesmo. Já vi essa novela muitas vezes. Desde menina ela já soltava o verbo com quem tentasse controlá-la. O pai dela comeu o pão que o diabo amassou na mão dela. A danadinha até levava umas palmadinhas, mas não abaixava a cabeça de jeito nenhum. Os irmãos nem se atreviam a contrariá-la, já conheciam seu temperamento forte.
-Mas eu não falei nada de mais, Dona Maria. Só disse que a calça dela estava um pouco apertada. -Argumentou Marcos.
Dona Maria não conseguiu conter o riso. Vendo o embaraçado do rapaz, prosseguiu:
-Por muito menos já vi ela botar pra correr alguns bons partidos. E ainda você foi falar justamente da calça dela...pegou pesado mesmo. Desculpe a franqueza, mas conheço minha filha e sei que ela não tolera homem ciumento. E o mais engraçado, é que mesmo ela sendo desse jeito, os homens não a deixam em paz. Conheço alguns que morrem de paixão por ela. Não sei o que essa menina tem.
Marcos também não sabia. Mas também arrastava um caminhão por ela. Se arrependera até a alma por ter feito aquele comentário sobre a calça.
Ninguém diria que Jasmine tinha 28 anos. Bonita, sex e exuberante sempre deixava rastro de admiração por onde passava. Trabalhava numa loja de roupas femininas no centro da cidade. Era a vendedora que mais vendia. Além da beleza natural tinha um sorriso que encantava a todos ou quase todos.
Apesar de não ligar, Jasmine sabia que Nina não gostava dela e que também não perdia a oportunidade de falar mal de sua pessoa. Entendia que Nina era uma mulher invejosa e que com gente assim, o melhor era ignorar.  

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Coração rebelde.

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Até as últimas consequências
Continuação do livro "Coração Rebelde"


A tarde caia lentamente na praia de Copacabana. Pessoas iam e vinham de todos os cantos da cidade. Carlos e Paula conversavam sentados na areia sem que ninguém se desse conta do que estava para acontecer.
-Entenda Paula que não temos mais condições de continuarmos juntos. te respeito e quero o seu bem, mas não dá mais.
Paula permanecia em silêncio. Enquanto Carlos falava, ela se comia em raiva por dentro. Não aceitaria jamais a separação.
-Isso mesmo, Paula. Não aceite de jeito nenhum a separação. -sem perceber, Paula estava sendo influenciada  por Carmem Lucia, um espírito que a acompnhava já há um bom tempo- Ele chega faz promessas de amor e agora quer lhe deixar na mão! Não aceite mesmo e lute com unhas e dentes para conquistá-lo. Afinal, ele é seu.
Sob a inflência de Carmem Lucia, Paula disse em tom de raiva:
-Não adianta Carlos. Não vou desistir de você jamais. Eu te amo e você é meu. E se você me deixar eu.....
-Eu o quê Paula?
Paula não respondeu. Mas deu a entender que faria uma grande besteira. 
Apesar do tom de ameaça, Carlos sabia que não podia ceder as chantagens emocionais que Paula ardilosamente tentava lhe impor. lembrou-se da conversa que tivera com sua protetora espiritual que já tinha deixado bem claro que entrar no jogo dela e adiar a decisão de romper com o namoro só tornaria as coisas piores.
Mesmo sentindo o peito apertado, Carlos não recuou e se colocou com firmeza pondo um fim na relação.
Da expressão de coitadinha que revestia-se para manipular as emoções de Carlos, em frações de segundos, Paula se transformou numa mulher mimada e determinada a ir até as últimas consequências.    
Dominada pelo ódio e sentindo-se rejeitada, Paula descontrolou-se e num impulso saiu correndo em direção ao mar.
Carlos assustado com a atitude repentida dela, tentou chamá-la, gritou pelo seu nome na vã tentativa de impedir que ela fizesse o que ele deduzia que ela faria.
Sem pensar em mais nada, movida por um vazio interior e insulflada pelos pensamentos negativos de Carmem Lucia, Paula entrou nas águas frias do mar de copacabana com a intenção de por cabo a sua vida.
Carlos correu em direção ao mar na intenção de impedir que ela se afogasse. Não queria nada com ela, mas também não desejava seu mal. 
As ondas do mar de copacabana batiam insistentemente no rosto de Paula. Já com água batendo em sua cintura, se entregava sem resistência para os braços da morte.
Despertado por uma voz sem som que o  impelia a correr para o mar, o salva-vida que mantinha guarda na praia, correu num salto para salvar a mulher que estava em condição de perigo.
Acostumado com situações semelhantes, não tardou Paula ser salva a contragosto pelo sal-vidas.
Carlos respirou aliviado sem notar a presença de sua protetora espiritual que alguns minutos atrás tinha intuído o salva-vida a socorrer uma mulher que intentara dar cabo a própria vida.     

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Coração rebelde.


Continuação do capítulo "Conselhos de Andreia"
Por Carlos Lima

(Carlos se encontrava no plano espiritual conversando com Andreia que é sua protetora espiritual)
-Como as pessoas ainda sofrem por paixão -disse Carlos para si mesmo.
Andreia riu da colocação de Carlos e objetou em seguida:
-Isso não é verdade, meu caro amigo. Se apaixonar não é o problema. O problema mesmo é a carência. 
-Como assim, Andreia? -perguntou Carlos em tom de surpresa.
A paixão é uma coisa boa e gostosa que dá ânimo e muita disposição para viver. Você já reparou que as pessoas apaixonadas ficam mais alegres e fazem coisas incríveis que não fariam se não estivessem apaixonadas?
-Isso é verdade -concordou Carlos.
O problema é que assim que baixa o fogo da paixão, a carência vem atona e estraga tudo, transforma o que era bom numa coisa ruim, alegria em tristeza e coragem em desanimo.
Carlos acompanhava atentamente as explicações de sua protetora e sem titubear lhe perguntou:
-Mas o que é enfim essa danada da carência, Andreia?
-Primeiro, quero que você entenda que carência não é falta de alguém na vida da gente. Tem gente que está casada há anos e mesmo assim sofre de carência. Carência, na verdade, é a falta da gente mesmo. Ou seja, quando nos distanciamos da nossa alma ficamos carentes. 
-Vê se entendi, Andreia: carência é a falta de amor próprio e sua cura é, sem dúvida, a auto estima. Estou certo?
-Certíssimo, meu amigo. A Paula não precisa do seu amor. O que ela precida mesmo é se amar, promover sua auto estima. E mesmo que você desse a ela todo o seu amor ainda assim ela coninuaria a gir como age e certamente ficaria pior.
-Você está certa, Andreia. Vou refletir muito sobre essa nossa conversa. Foi muito proveitosa para mim.
Carlos despertou animado. Apesar de não se lembrar de tudo que tinha conversado com sua protetora espiritual, sentia dentro de si a essência do diálogo e dos bons conselhos que recebera de Andreia. Um novo dia começava e com ele a certeza que era preciso seguir em frente.  

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Coração Rebelde.

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"Conselhos de Andreia - continuação do livro Coração Rebelde"
Por Carlos Lima.

A chuva caia fortemente na bonita metrópole carioca. Carlos estava deitado refletindo sobre os últimos acontecimentos em sua vida. Apesar de no começo ter gostado de Paula, estava triste e desanimado com a relação. Até queria levar o namoro a sério, porém, devido ao comportamento possessivo dela, sentia que não tinha mais condição de continuar com o namoro. Paula, literalmente, o estava sufocando.

O conforto da cama e o baraulhinho hipnotizador da chuva fizeram com que ele adormecesse rapidamente.
De repente, Carlos se viu num jardim bonito, cheio de flores e pássaros voando por toda parte.
-Oi, Carlos, como vai? -uma voz suave chamou-lhe a atenção.
Carlos virou-se e olhou em direção de onde vinha aquela voz suave e de imediato reconheceu a pessoa que falava com ele.
-Que satisfação em revê-la, minha amiga Andreia! 
-A satisfação é minha -respondeu a bela jovem -noto que está triste. O que foi que aconteceu, meu amigo?
-Você me conhece bem, Andreia. É que estou pra terminar um namoro, mas sinto que não vai ser nada fácil. Entende?
-Claro que sim. Mas é melhor romper de uma vez com esse namoro agora do que ficar adiando o fim. Quanto mais você se demorar para tomar a decisão pior vai ficar. 
-Verdade. Não queria que as coisas acabessem assim, mas não teve jeito. Confesso que me esforcei o máximo para explicar para Paula que o sentimento de posse só estragia a relação. Só que ela não quis me ouvir e cada vez mais se deixou envenenar pelo veneno posse. 
Andreia olhou carinhosamente nos olhos de Carlos e depois lhe disse com firmeza:
-Ninguém pode responder pelo outro. Se Paula ainda acredita que amar é se apossar do outro como se fosse um objeto, naturalmente, que ela há de sofrer as consequências de suas atitudes. Aliás, em casos assim, só a dor resolve. Não há nada que você possa fazer a não ser seguir seu caminho e deixar que a vida se encarregue de colocar as coisas em seus devidos lugares.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Continuação do livro "Coração Rebelde.

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"Continuação do livro "Coração Rebelde"
Por Carlos Lima.

Carlos estava feliz com a situação. Gostava de estar com alguém e também da troca afetiva entre duas pessoas. Aliás, era bem assim que ele concebia o amor, ou seja, uma troca de afeto entre duas pessoas que se gostam.
Entretanto, Paula ainda presa a ilusão do apego, se deixava enveredar pelo caminho da possessividade. Ela não via o amor como uma troca, mas como uma obrigação. Orgulhosa e carente, exigia ser amada sem dar nada em troca.
Paula chegou em casa às 8:00 hs. da noite. Sua mãe ao vê-la perguntou-lhe onde estava e com quem estava. Ao saber que a filha estivera a tarde todo com um rapaz, Dona Helena zangou-se e arrepreendeu. Não queria que a filha saísse com estranhos.
-Mãe -respondeu Paula meio nervosa- estava sim com um rapaz do qual estou gostando. Eu também tenho o direito de namorar, a senhora não acha?
Dona Helena calou-se. Não queria contrariar a filha. Apesar de Paula ser uma mulher adulta, a mãe conhecia bem sua insegurança e seus desequilíbrios emocionais.
Embora já estivesse com seus trinta anos, Paula ainda era muito imatura em relação a vida amorosa. Além de ter sido mimada pela mãe, não se esforçara no sentido de crescer afetivamente. Paula sempre fora uma mulher bonita e atraente, só muito infantil quando o assunto era amor.
Em casa Paula vivia a maior parte do tempo calada e quando Eloisa, sua irmã, tentava animá-la para sair e conhecer pessoas diferentes, ela explodia e dizia que ninguém tinha nada a ver com a vida dela ou coisa pior.
Era sábado a tarde quando a campanhia da casa de Eloisa tocou. Era Paula que viera lhe contar as novidades.
-Oi, Eloisa, tudo bem?
Eloisa convidou a entrar. Serviu-lhe um gostoso café que acabara de fazer. Sem muita cerimônia Paula foi logo contando as boas novas:
-Não sei se a mãe te contou Eloisa, mas arrumei um namorado.
-Que bom, Paula! E como ele é? -perguntou em tom de surpresa a irmã.
-Ele é moreno, bonito e inteligente. Um homem interessante.
Paula até sentiu vontade de contar mais coisas a respeito de Carlos. Só que seu sentimento de posse falou mais alto e o medo de sua irmã se interessar tembém por ele a fez conter as palavras.
-E você está gostando dele, Paula?
-Não sei, talvez um pouco. Sei lá.
-Como não sabe, Paula? Se você está namorando com ele é porque naturalmente gosta dele.Não é verdade?
Enquanto Eloisa conversava com a irmã, lembrava das experiências amorosas que ela já tinha vivido anteriormente. Tragédias e mais tragédias emocionais, relacionamentos complicados e muita lágrimas. Embora se esforçasse para se entusiasmar com as novidades da irmã, não conseguia esquecer os seus fracassos amorosos.
-Desejo-lhe sorte, Paula. Um novo amor sempre faz bem ao coração. Quem sabe você não consiga ser feliz com esse rapaz?
Paula até ouvia as palavras da irmã. Mas por dentro tinha outros planos para ela e Carlos. Dessa vez não deixaria seu relacionamento acabar como os outros acabaram. Agarraria Carlos com unhas e dentes e seria feliz com ele custasse o que custasse.
Entre um gole e outro de café, as irmãs entretidas com a conversa não se devam conta de que uma sombra a estreita insulflava ainda mais o sentimento de posse que se apoderava cada vez mais no coração de Paula.