terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A vida sabe o que faz.

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A vida sabe o que faz - continuação do livro "Coração rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda

 Após a palestra, Carmem Lucia reuniu-se a uma caravana de mulheres que iriam visitar a matéria para fim de estudo.
 Ao todo eram vinte mulheres. Cecilia, a lider do grupo, durante o trajeto, foi dando algumas explicações sobre o objetivo da visita no plano denso:
-É, minhas amigas, não pensem vocês que nossa visita à matéria vai ser moleza. Retornar a antiga morada, pra quem não está preparado, é um sofrimento lascado. Vocês só foram autorizadas a participarem dessa visita porque aprensentam condições emocionais favoráveis. Caso contrário, nem estariam aqui.
 O aerobus decolou e rasgou o nevoeiro rumo a crosta terrestre. Em poucos minutos o veículo astral já pairava sobre a atmosfera da bela cidade carioca.
 Eram onze da noite quando a caravana das mulheres chegaram ao morro da dona Marta para visitarem a primeira casa.
 O cheiro de álcool estava impregnado por todo barraco. Estava até difícil respirar dentro daquele ambiente. 
-Você é uma vadia que merece apanhar muito na cara -gritava colérico Zeca completamente bêbado enquanto batia na mulher.
 Maria tentava se esquivar dos tapas que levava do marido, mas ele era mais forte e conseguia acertar-lhe alguns bofetões.
-Que situação deprimente -falou Marilda- não há nada que possamos fazer para impedí-lo de agredí-la, Cecilia?
-Por mais deprimente que seja a situação, não há nada que possamos fazer -respondeu Cecilia- pois de nada adiantaria conter os atos desse homem hoje se amanhã ele voltaria a agir do mesmo modo. O problema não é só ele.
-Como assim, Cecilia? -perguntou novamente Marilda.
-Esse homem só age assim porque de algum modo ela também consente. Se no primeiro tapa que ele tentasse lhe dar ela reagisse com firmeza, certamente, a situação não chegaria ao ponto que chegou. No entanto, na primeira vez que ela foi agredida nada fez. Provavelmente, por medo ou acomodação, ela não reagiu como deveria reagir. 
 Carmem Lucia que ouvia a conversa atentamente não se fez de rogada e logo perguntou:     
-Mas porque uma mulher se acomodaria a uma situação tão deprimente como essa?
-Pode não parecer, mas a causa verdadeira de uma mulher se sujeitar a essa situação não é a falta de oportunidade e nem de condições para sair dela. A verdadeira causa é, sem sombra de dúvida, a falta de auto estima. 
-Auto estima, Cecilia? 
-Isso mesmo, Marilda. A falta de auto estima é um problema muito sério. Muitas mulheres sofrem muito na vida porque não se amam e não acreditam em si mesmas. Por isso que algumas se sujeitam a passar por situações deprimentes como essa. 
 Cecilia aproximou-se de Maria e lhe deu um carinhoso abraço. Depois olhou para Marilda e lhe disse:
-Maria é uma boa mulher. Porém, cresceu debaixo de uma enxurrada de afirmações negativas. E de tanto ouvir frases depreciativas a seu respeito, acabou acreditando nelas. Por isso que leva a vida que leva.
-Quer dizer então que ela foi e é uma vítima da sociedade? -perguntou Marilda.
-Claro que não! Ninguém é vítima nesse mundo -ponderou Cecilia- Maria também é responsável por tudo que lhe acontece. Verdade que ela foi maltratada pela sociedade em que vivia. Mas não podemos nos esquecer da lei da afinidade. Se ela atraiu um grupo assim, é porque também estava na mesma faixa vibratória. Ela não teve maturidade o suficiente para se esquivar da enxurrada de afirmações negativas. O que é natural no nível de evolução em que ela se encontrava e ainda se encontra. Lembrem-se que tudo está certo no universo.
-Você quer dizer, Cecilia, que se ela estivesse um pouco mais madura não passaria pelo o que passou e nem pelo o que está passando? -perguntou mais uma vez Marilda.
-Isso mesmo -respondeu Cecilia- se ela estivesse um pouco mais madura, Zeca nem ousaria levantar a mão pra ela. Só não podemos nos esquecer que cada pessoa tem seu tempo de maturar. Certamente, que há de chegar o dia em que Maria não vai mais aceitar passar por uma situação deprimente como essa. Só que por enquanto ela age de acordo com o que considera melhor. Mas quando ela despertar e perceber o seu verdadeiro valor, não tem homem que a fará sofrer. É por isso que não podemos intereferir. A vida sabe o que faz.  

  

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