quinta-feira, 19 de julho de 2012

Astronautas ambulantes.

E se eu te dissesse, agora, que quase tudo que você faz não tem nada a ver com o que de fato você gostaria de fazer, o que você me diria?
Que talvez eu esteja exagerando. Será mesmo?
Acho que não.
Pois a maioria das pessoas está insatisfeita consigo mesma. Mutas vivem empurrando a vida com a barriga.
E porque isso acontece?
Porque relegamos a segundo plano o nosso sentir para viver em função de uma estúpida vaidade.
Fomos, na verdade, educados para não sentir. Muitos até levaram surras para esconder os seus reais sentimentos.
Por mais que nos arvoremos de pessoas modernas, no fundo, não passamos de seres recalcados.
Tenho certeza de que estou falando aqui o retrato vivo da história de vida de muita gente. Possivelmente a sua.
Afinal, vivemos numa sociedade em que é proibido sentir.
Sabe aquela velha história de educar os filhos para ser alguém na vida?
Pois bem, atrás disso, esconde-se uma terrível repressão disfarçada de boa intenção. Que nos transforma em adultos tristes e vazios.
Obviamente, que é louvável a atitude de orientar os filhos  no sentido de ajudá-los a desenvolver os potenciais latentes. Vivemos em sociedade e precisamos nos preparar para ela.
Não é disso que estou falando aqui. Me refiro, nesses dizeres, aquela coisa de nos preocuparmos mais com o aparente do que propriamente com o que sentimos.  
Com a desculpa de querer que os filhos sejam alguém na vida, muitas vezes, passamos por cima do que eles sentem e querem de fato.
Damos a eles tudo que é joguinho eletrônico, mas não paramos um minuto se quer para ouvi-los.
Acreditamos que a tecnologia substitui o lado humano do ser.
Todo progresso é sempre bem vindo, desde que não despreze os nossos sentimentos.
Portanto, vamos rever os nossos conceitos a respeito da verdadeira educação. Pois de nada adianta conquistarmos a lua se permanecemos como bugres no que diz respeito as coisas da alma.
Antes, nossos pais apanhavam de fio de ferro para não sentir. Hoje, somos espancados em silêncio pela repressão para não expressar a nossa verdade.
Busquemos, pois, ouvir com mais atenção e respeito uns aos outros. Tenho certeza que a história que seu filho tem pra lhe contar é muito interessante e revela, com certeza, quem ele é e o que tanto espera de você.
Por isso, ao invés de se matar para ter um celular de última geração, ouça com mais carinho aqueles que o cercam. Procure entender as razões deles e, mais importante ainda, as suas próprias.
Não seja como muitos apressadinhos que não tem tempo nem pra comer, quanto mais, para sentir.
Pois enquanto você viver assim, na indiferenças dos sentimentos, não passará de um astronauta ambulante, cheio de parafernália eletrônica, mas com o coração solitário a clamar por um pouquinho só de humanidade!

Carlinhos de Aruanda
Email: carlinhosdearuanda@hotmail.com
Twitter: @carlinhosluz_ 


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