domingo, 18 de dezembro de 2016

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Continuação do capítulo, O terreiro do livro Coração rebelde.

-A escolha é sua, Carmem Lucia -ponderou a pomba gira.
-Está bem. Seguirei com você.
-Já prevendo a decisão de Carmem Lucia, a pomba gira pediu a um dos homens que a colocasse junto a caravana de espíritos que seriam levados para os postos de socorros localizados no mundo espiritual.
Carmem Lucia estava um pouco triste por saber que se afastaria da companhia de Paula. Gistava dela e se identificava com seu modo de pensar.
Assim que se atravessaram a vasta neblina que permeava a região densa do umbral, a caravana de espíritos chegou num posto de socorro onde Antônio já esperava por Carmem Lucia.
-Como vai Carmem Lucia, a quanto tempo não nos vemos -disse o diregente da casa amigavelmente.
Meia envergonhada, eça respondeu:
=Estou me sentindo melhor. Queria pedir-lhe desculpas por ter fugido e não ter levado em consideração seus conselhos. Fui imatura.
-Não precisa se desculpar. Afinal,, quem sofreu as consequências foi você e não eu. Além domais, não vim aqui para julgá-la. Será sempre bem vinda em nossa comunidade e poderá permanecer aqui o tempo que for necessário e desejar. Desde, é claro, que respeite as normas da casa e não se torne rebelde novamente.
O sorriso acolhedor de Antônio dava a Carmem Lucia a certeza de dias melhores. Sabia que tinha muito a aprender e que emocionalmente ainda não estava bem.
Após despedir-se de Antônio, Carmem Lucia foi encaminhada para um pequeno abrigo no posto de socorro onde dividiria quarto com mais três mulheres.
O abrigo era simples, porém limpo e arejado. Assim que entrou, foi recepcionada pelas mulheres que já tinha conhecimento de sua vinda.
-Oi, meu nome é Ana, seja bem vinda.
-Meu nome á Mônica, espero que aproveite bem sua estadia aqui na comunidade.
-E eu sou Rogéria, seja bem vinda.
Após o rapido cumprimentou, Carmem Lucia se acomodou em sua cama e fez algumas perguntas as novas companheiras de quarto.
-Faz tempo que vocês estão vivendo aqui nessa comunidade?
-Eu estou há dez anos -respondeu Ana.
-Eu estou aqui há cinco anos -disse-lhe Mônica.
-E eu estou aqui há poucos meses -completou Rogéria.
-Pelo o que estou sabendo -continuou Ana- não é a primeira vez que você vem aqui.
-Isso mesmo. Já vivi por muitos anos nessa comunidade. Mas levada pelo meu descontrole emocional, acabei me afastando e fiquei vivendo por longo tempo na matéria.
-Posso imaginar o quão difícil foi pra você viver como alma penada entre os considerados vivos -argumentou Rogéria.
-Verdade. Não foi nada fácil viver como alma penada. E se não fosse por Paula, acredito que seria pior ainda.
-E quem é Paula -perguntou Ana.
-Paula era uma encarnada com a qual me afeiçoei. Estava triste e perambulando sem rumo quando me senti atraída pela vibtação dela. Apesar dela está encarnada, estava pior que eu. Provavelmente, por uma questão de afinidade me aproximei dela e ao seu lado fiquei até agora. Bem dizer fui tirada a força do seu convívio. 
-Sei bem do que você está falando -comentou Rogéria- também já fui uma obsessora tempos atrás. Mas no meu caso não foi só por afinidade, mas muito mais por vingança. Fiquei tão triste por causa de uma desilusão amorosa que acabei ficando doente e desencarnei. Me entreguei completamente para um homem que fingia me amar. E quando descobri a verdade sobre ele, não suportei e acabei morrendo em consequência dessa desilusão. 
-Rogéria jogou os cabelos para o lado como a querer afastar algumas lembranças desagradáveis e prossegui:
-Naturalmente que não cheguei bem no mundo espiritual. Até tive a oportunidade de ir para uma comunidade de paz. Entretanto, movida por um sentimento de vingança, permaneci no umbral, onde me associei a entidades perversas para vingar-me do homem que tanto me fez sofrer por amor. Não demorou muito para que eu aprendesse rápido, com essas entidades perversas, a manipular e influenciar negativamente o homem que me iludiu, que me enganou e que estraçalhou meu coração. Foram anos de obsessão onde já estava quase conseguindo levar minha vítima a loucura. Porém, tudo foi por água abaixo quando ele, por recomedação de um parente, ele começou a frequentar um terreiero de Umbanda. Além dele ter conseguido sair da minha má influência e ter ficado bem, eu acabei sendo aprisionada pelo o que eles chamam de soldados de Ogum. Fiquei como que amarrada energeticamente por essas entidades. Nada pude fazer a não ser cooperar com o meu progresso espiritual, ou seja, tinha chegado a minha hora de crescer. Com o tempo entendi que aquele homem não tinha culpa de nada. Conscientizei-me de que era eu a única pessoa responsável por tudo que tinha me acontecido. No fundo ele não me enganou, fui eu que me ilude.
Um silêncio pairou no ar. As mulheres presensentes se entreolharam como a se solidarem uma com a outra. Todas conheciam na pele o sofrimento pelo qual Rogéria tinha passado.
-Hoje um pouco melhor, me encontro aqui, para aprender a cuidar mais de mim e me libertar de uma vez por todas dessas ilusões que só fazem machucar nossos corações.   
   

  

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