quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Uma conversa entre amigas.

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Uma conversa entre amigas -capítulo do livro "Coração Rebelde"
Por Carlinhos de Aruanda.

 A tarde estava linda e convidativa a um passeio. Quem via Paula alegre e admirando o Cristo Redentor, nem imaginaria que dias atrás ela vivia trancada em seu quarto curtindo uma boa fossa.
-Oi, Paula, que surpresa vê-la aqui! -comentou Juliana, uma amiga de longa data.
-Como vai Juliana?
-Vou bem. Você que sumiu do mapa -disse a jovem sorrindo.
-É que andei ocupada com uns problemas pessoais. Mas graças a Deus já dei um jeito neles.
-Pelo o que te conheço deve ser problema de amor. Tô certa?
 Paula deu uma risada maliciosa e respondeu:
-Você tem razão, Juliana. Passei um aperto com essas coisas do coração. Mas não reclamo não, pois aprendi muito com o que passei.  Aliás, ainda estou aprendendo.
-Sei como é isso, Paula. Também sofri muito com um relacionamento que não deu certo. Se não fosse uma amiga minha que é espírita, não sei nem se estaria aqui conversando com você.
-Me conta mais sobre o que te aconteceu. Fiquei curiosa.
 Juliana convidou Paula para sentar num banco e assim que se acomodaram, continuou a conversa:
-Tempos atrás, conheci um rapaz muito interessante. Saímos algumas vezes, mas acabou não dando em nada. Até ai tudo bem. O problema foi que me apaixonei por ele e queria namorá-lo de qualquer jeito. 
-Acho que conheço essa história... -comentou Paula recordando a experiência amorosa que teve com Carlos. 
-Infelizmente, parece que isso é muito comum entre nós mulheres -completou Juliana- passei dias sonhando com ele, criava fantasias que só existiam em minha cabeça. Corria atrás dele, telefonava, enfim, fazia de tudo pra dar certo. Mas de nada adiantou. Sofri bastante e até pensei que não iria me recuperar tão cedo.
-Entendo -disse Paula prestando muito atenção na história da amiga.
-Mas por sorte, me abri pra essa amiga que é espírita. E depois de longas conversas comcei a melhorar e o mais importante: entendi que estava errada.
 Juliana fez uma breve pausa e prosseguiu:
-Acho que Adriana ficava inspirada quando conversava comigo. Pois me dizia coisas que, além de me acalmar, me ajudava a entender o porque eu sofria tanto daquele jeito. Me explicou de cara que eu não devia forçar a relação. Se ele gostasse realmente de mim e quisesse ficar comigo com certeza me procuraria pra me pedir em namoro. Só que ele não gostava de mim, pelo menos do jeito que eu queria. Entender isso, foi a salvação da lavoura.
 Paula não se fez de rogada e disse a amiga:
-Nossa, Juliana, como é difícil entender isso! Também sofri pelo mesmo motivo. Queria que Carlos, um ex namorado, me amase com a mesma intensidade que eu o amava. Além de sufocá-lo com minha possessividade, acabava me asfixiando também.
-Isso mesmo Paula. Essa foi a lição que aprendi a duras penas. Ainda bem que entendi logo de uma vez que a posse não é amor. Adriana me deixou bem claro que ninguém é de ninguém e que se o amor não aconteceu não devemos forçá-lo.
-De fato sua amiga é uma mulher muita inspirada. Bem dizer ela chegou na hora certa.
-Com certeza, Paula. Como eu disse, se ela não tivesse me ajudado nem sei o que seria de mim. Talvez ainda estaria arrastando a pobre de mim pelos cantos da casa. Aliás, Paula, se livrar da pobre de mim foi a coisa mais difícil. Ah, mas vale a pena insistir. Pois depois que me livrei da pobre de mim, minha vida mudou e pra melhor. 
-Caramba, Juliana, essa sua amiga é mesmo porreta, pois foi direto ao ponto. Eu também dava uma de pobre de mim. Acreditava que agindo assim, conseguiria tudo que quisesse. Ledo engano. Pois quanto mais eu dava uma de pobre de mim mais Carlos se afastava.
-Sem falar, Paula, que a atitude do pobre de mim é a porta aberta para a obsessão. É a brecha por onde entra e atua as almas penadas. Aprendi isso, também, com minha amiga espírita.
-O que mais falou essa sua amiga espírita? Tô curiosa.
 Juliana sorriu e continuou:
-Adriana me ensinou também que os outros nos tratam do jeito que nos tratamos. Ou seja, se você se trata bem, os outros vão te tratar do mesmo modo. Ela me disse que eu queria ser amada de qualquer jeito porque eu não me amava. Eu me sentia menos porque Sergio, a meu ver, me rejeitava. Mas isso não era verdade. Era eu mesmo quem me rejeitava.
-Nossa, tô de queixo caído, Juliana. Parece que você está falando de mim e não de você. Pois passei por tudo isso.
-Entendi que uma coisa puxa outra: se você se rejeita, você não é amada. Se você não é amada, dá uma de pobre de mim pra receber amor. Se você dá uma de pobre de mim, sua energia baixa. Se sua energia baixa, nada vai pra frente. Principalmente a relação amorosa.
 Enquanto conversavam, turistas iam e vinham no afã de ver o Cristo Redentor. Não se davam conta da profundidade da conversa que rolava entre aquelas amigas que apenas desejavam encontrar a felicidade.

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